terça-feira, 17 de setembro de 2019

CANTINHO DA SAUDADE - SETEMBRO/2019 - RUBENS MINELLI. UM TREINADOR VITORIOSO


O paulista Rubens Francisco Minelli, nascido no dia 12/12/1928, foi um dos mais vitoriosos técnicos da história do futebol brasileiro; hoje mora em São Paulo e começou o seu sucesso no verdão.

Rubens Minelli iniciou sua carreira como atleta atuando pela ponta-esquerda no Ypiranga e Nacional (SP). A carreira como jogador acabou aos 27 anos, após uma fratura na perna e, então, foi para a faculdade de Ciências Econômicas.

Em 1959, iniciou trabalhos como técnico nas divisões de base do Palmeiras. 

No início da década de 1960, foi para São José do Rio Preto comandar o América, depois uma passagem pelo Sport Recife, onde foi vice estadual 1967, chegando ao Palmeiras em 1969.

Minelli foi técnico do América de Rio Preto, Palmeiras, Sport Recife, Internacional, São Paulo, Grêmio, Corinthians, Portuguesa, Paraná, Guarani, Ponte Preta, Coritiba, no All-Hilal da Arábia Saudita e trabalhou como dirigente no São Paulo, Atlético Paranaense, Paraná e Avaí.

É considerado o primeiro técnico “tático” do nosso futebol, pioneiro ao trazer as ideias do Carrossel Holandês de 1974 e também foco na força e velocidade no jogo.

Ele notou, pela Copa de 1966, a necessidade ocupação de espaços e ataques a partir dos volantes.

Minelli pode ser considerado um treinador completo porque aliava conhecimentos táticos à forma como conduzia o grupo.

Era impecável nos cuidados com parte física de seus jogadores e sabia como tratá-los nas concentrações. Ainda maior era a sua capacidade de entender o jogo, antevendo situações e criando equipes coesas e funcionais. Seus métodos de lidar com os atletas e de estudar o esporte também anteciparam uma nova era.

A principal estratégia para entender os adversários veio, primeiro, por meio de fotografias, com as quais orientava os seus jogadores. Depois, foi o primeiro técnico brasileiro a utilizar o videocassete para estudar os adversários.

Segundo ele mesmo já afirmou, seus times tinham “liberdade para o que bem entendessem com a bola nos pés, mas precisavam seguir as ordens do treinador sem ela”. 


O início no Verdão

Minelli teve 3 passagens pelo clube: 1969/71; 1982/83; 1987/88. Foram 250 jogos, com 115 vitórias, 86 empates e 49 derrotas. Aproveitamento de 63%.

Chamado pelo Palmeiras em 1969 para um processo de reformulação, ele buscou jovens como Leão, Eurico e Zeca e montou um 4-3-3 com uma novidade: o recuo de Pio como um típico “falso-ponta”, para preencher o meio e fechar espaços. No ataque, Ademir articulava e lançava, já Jaime e Cesar chegavam na área. Time de imposição e força. Foi o começo da segunda academia.

Além do Brasileiro de 1969 conquistou o Ramon de Carranza e o Troféu Cidade de Barcelona em seu primeiro ano de clube.

Em sua segunda passagem, mesmo sem títulos, permaneceu 16 meses, entre agosto de 1982 e dezembro de 1983. E, na última, ficou entre a Copa União de 1987 e o Campeonato Paulista de 1988.

Brasileiro de 1969

Ramon de Carranza de 1969, 31/08/1969









Momentos de glória. Mais títulos na década de 1970.

O principal momento da carreira do técnico Rubens Minelli foi no Internacional: contratado em 1974 foi bicampeão brasileiro em 1975/1976 e do gaúcho em 1974/1975.

Minelli promoveu uma das maiores revoluções táticas do futebol brasileiro: um 1-3-1-2-3. Sem a bola, Marinho Peres ficava na sobra. Figueroa saía para caçar no meio-campo e Cláudio e Vacaria ficavam com os pontas adversários, com a proteção de Caçapava. Ou seja: o adversário não ficava livre. Depois, fez a “inversão do triângulo”: “Quando todos os times atacavam, chegavam com dois meias. Um deles era marcado pelo único volante das equipes, e o outro era perseguido pelo quarto zagueiro. Nós fazíamos diferente: quando o Inter tinha a bola, a base do nosso triângulo ficava voltada para o goleiro, e o ápice no ataque, com o Falcão, que eu adiantei mais. Os nossos dois volantes marcavam os dois meias dos rivais que sempre vinham, e sobrava o Falcão”. 

Atacar com força total e defender diminuindo ao máximo o espaço do time adversário eram as metas. 

Em 1977, Minelli foi para o São Paulo e inovou, a inversão do triângulo foi feita com Chicão e Teodoro, que marcavam os meias adversários do 4-3-3 e Dario Pereyra articulava o jogo para os pontas Muricy Ramalho, Neca ou Zé Sérgio. 

O impacto de três títulos consecutivos e diversas ações que deram certo mudou o futebol brasileiro. 

Depois desses trabalhos, foi para a Arábia Saudita e com o Al-Hilal foi campeão da liga local em 1979 e da copa local em 1980.

Na volta ao Brasil, em 1982, tínhamos um tipo de jogo diferente, com zagueiros mais técnicos, o que quebrava a estratégia de marcar por pressão e também um novo tipo de jogador, o velocista. 

A adaptação foi difícil, mas veio o título gaúcho em 1985 e os estaduais de 1994 e 1997 com o Paraná.


Seleção brasileira

Foi, com certeza, uma das maiores injustiças da extinta CBD nunca ter convidado Minelli para dirigir a seleção.

Passou perto por duas vezes, mas nunca recebeu uma chance. Na primeira delas, em 1977, era o mais cotado após a demissão de Oswaldo Brandão. Mas Claudio Coutinho, do Flamengo, foi o escolhido pelo presidente da CBF.

A nova decepção veio em 1983, época da saída de Telê Santana e novamente foi preterido pelo ainda jovem Carlos Alberto Parreira.

Uma pena, a seleção teria mais sucesso com este estrategista e vitorioso treinador. E, vale ressaltar, o primeiro título foi como nosso verdão, em 1969.

Fontes: 

http://www.palmeiras.com.br/historia/tecnicos/419
https://trivela.com.br/rubens-minelli-90-anos-a-trajetoria-de-quem-foi-completo-a-beira-do-campo/
https://www1.folha.uol.com.br/esporte/2019/09/aos-90-minelli-ve-futebol-feio-e-tecnicos-brasileiros-sem-mercado.shtml
https://globoesporte.globo.com/blogs/painel-tatico/post/2018/12/20/90-anos-de-rubens-minelli-um-dos-mais-revolucionarios-tecnicos-do-futebol-brasileiro.ghtml

2 comentários:

  1. Esse foi um grande exemplo de profissional. Tinha visão de futuro e acaba com sucesso. Não era marqueteiro por isso sem chance na seleção.

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  2. Excelente caráter como pessoa e um grande técnico. Tenho saudades de seus times

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