sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

ARTIGO - FEVEREIRO/2018 - O BALANÇO DE 2017 E A PROPOSTA ORÇAMENTÁRIA PARA 2018


O Conselho Deliberativo, como já noticiamos, aprovou o balanço de 2017 e a proposta orçamentária para 2018.

Além da questão da alteração do contrato com a patrocinadora, que pode gerar consequências a partir deste ano (caso haja término do contrato dos jogadores, sem venda ou com venda inferior ao investimento), muitos tem perguntado a respeito da diminuição da receita, do aumento do passivo, etc.

Sobre a questão da Patrocinadora, pelos contratos aditados e assinados em janeiro, pela presidência (sem manifestação do COF ou do CD), o Palmeiras terá que restituir o valor total R$ 120,2 milhões, em até dois anos, após o término dos contratos ou da venda dos atletas.

Os jogadores que o Palmeiras comprou com dinheiro da patrocinadora, agora sob rubrica “empréstimo”, são: Luan (R$ 10 milhões), Fabiano (R$ 6,7 milhões), Bruno Henrique (R$ 14 milhões), Guerra (R$ 10 milhões), Thiago Santos (R$ 1 milhão), Borja (R$ 33 milhões), Deyverson (R$ 18 milhões), Dudu (R$ 10 milhões) e Lucas Lima (R$ 17,5 milhões). Todos estes contratos já estão nos novos moldes.

Como salientado em post anterior, esta medida é boa para o clube para deixar de gastar com jogadores sem condições técnicas e, principalmente, fazer aquisições por valores acima do mercado.

O ponto extremamente negativo, e que pode gerar problema no futuro, se refere ao fato de que se outorgou efeito retroativo ao modo de pagamento. Ou seja, quando o Palmeiras fez as aquisições era um modelo e ele, que não tinha que se preocupar em devolver ou ter custos com as referidas contratações, repentinamente, viu-se obrigado a pagar cada centavo colocado pela patrocinadora, caso não venda os atletas, e isso pode gerar um passivo real (não só contábil/orçamentário) de R$ 120 milhões de reais.

Há tempo para resolver a questão e não há certeza de prejuízo, apenas passamos a ter o risco do negócio. O prejuízo pode ser evitado, por exemplo, com a venda dos atletas; alteração do valor do patrocínio, para compensar, etc. O impacto poderá ser sentido ou não nos próximos anos, mas deveria, a meu ver, ter sido tratado de forma mais clara, não na virada do ano, de modo que nem o balanço, nem a previsão orçamentária contemplaram a questão neste momento.

Sobre os números do orçamento. Vamos tentar entender os dados.

1. O Ativo/passivo do clube vem aumentando nos últimos três anos (2015/2016/2017) respectivamente: R$ 34.499 milhões – R$ 475.925 milhões e R$ 584.269 milhões.

2. O passivo circulante (dívidas de curto prazo) cresceu em 2017, atingindo em dezembro o valor de R$ 250.958.000,00 e, em contrapartida, o ativo circulante registrou R$ 77.009.000,00. Ou seja, em curto prazo, temos mais o que pagar do que a receber. Em sentido oposto, a longo prazo (não circulante), o ativo é maior que o passivo (R$ 507.259.709,00 e R$ 304.338.512,00, respectivamente).

3. O clube, pela primeira vez em anos, teve resultado positivo (patrimônio líquido social) de, R$ 28.970.000,00.

4. O superávit de R$ 57.023.290,00 seguiu a tendência do ano anterior, quando atingimos R$ 89.592.968,00.

5. Em relação às receitas, em dezembro de 2016, a previsão para 2017 era de R$ 389.396 milhões, despesas da ordem de R$ 302.560 milhões e superávit estimado em R$ 33.687 milhões.

O que se viu é que a realização orçamentária de 2017 extrapolou a proposta tanto em receitas como em despesas, finalizando em R$ 529 milhões e R$ 469 milhões respectivamente, com superávit de R$ 57.023 milhões.

6. Para 2018 foi mantido um panorama conservador: manutenção dos valores dos contratos (patrocínio, TV), comedimento no cálculo das receitas com bilheteria e do programa sócio torcedor. Com isso a previsão de receitas atingiu R$ 476 milhões e as despesas R$ 443 milhões, com superávit de R$ 33 milhões.

Neste contexto, a proposta foi de acréscimo, por exemplo, em relação ao AVANTI, de 14% do valor projetado para 2017 (e não efetivamente sobre o que foi arrecadado). A proposta para 2018 se baseou na proposta de 2017 e não sobre o efetivamente realizado.

7. O “boom” verificado em 2017 não foi totalmente considerado para projetar 2018, até porque ele também contou com a antecipação (luvas) de novo contrato de TV; optou-se por números mais condizentes com a proposta original de 2017, com algum acréscimo. Veja-se, como exemplo, o departamento de futebol profissional: para 2017 estava prevista receita de R$ 340.091 mil e ela fechou em R$ 451.827 mil.

8. Esta forma de trabalhar, com projeção orçamentária menor, já tinha sido vista também na passagem de 2015 para 2016, quando a projeção de receitas foi de R$ 353.126.000,00, despesas de R$ 319.715.000,00, com superávit previsto de R$ 33.410.000,00. Mas, a realidade final foi outra: receita de R$ 440 milhões, despesas de R$ 368 milhões e superávit de R$ 71.333 mil.

9. Evidente que, neste valor de 2016, contabilizou-se a venda de Gabriel Jesus, não prevista. Mas a receita de 2018, também, contempla a venda apenas de Myna, já realizada. Não há previsão da venda de mais nenhum jogador.

10. Ou seja, em 2016 e 2017 tivemos receitas extras, com Gabriel Jesus e luvas da TV que não fazem parte da rotina orçamentária anual. Por outro lado, a possibilidade de se auferir receitas mais elevadas é grande, especialmente se o time profissional deslanchar.

Para finalizar, o Palmeiras vem num crescendo em sua forma de administração e no aspecto financeiro. Os dados são promissores, porque a tendência de aumento das receitas é grande. O cuidado extra que se precisa ter é na diminuição gradual das despesas, que são muito altas e, agora, ainda, com essa questão do aumento do passivo por conta do aditamento do contrato com a patrocinadora.

Austeridade na administração em geral e máximo rigor (exigências técnica/financeira) nas contratações de atletas serão essenciais para definir o rumo do clube nos próximos anos.

O Palmeiras não pode se endividar e depois ficar refém de terceiros, como já vimos quando do desligamento da parceira da década de 2000 e, recentemente, quando houve necessidade de captação de empréstimo junto ao ex-presidente. Como tenho escrito há anos, o clube não precisa de mecenas ou Messias, precisa sim, estar consciente de sua realidade e seguir seu caminho com as próprias pernas, com receitas inerentes às atividades típicas, bem distribuídas (patrocínios, cotas de TV, programa de fidelidade, bilheteria, etc.) e administrações conscientes.

Fonte: http://www.lance.com.br/palmeiras/galiotte-admite-debito-120-com-crefisa-mas-divida-coberta.html e http://www.esporteinterativo.com.br/posts/19884-galiotte-confirma-que-palmeiras-tera-que-pagar-r-120-milhoes-a-crefisa

4 comentários:

  1. Perfeito. Resumiu bem a situação atual e o futuro do clube. Parabéns. Julio

    ResponderExcluir
  2. Boa tarde. A estratégia adotada é cômoda, pois se entrar mais fica "no lucro" e se não conseguir, tem projeções realistas. O clube ainda está um tanto frágil por conta como as coisas vem acontecendo, só que tivemos muitas melhorias.

    ResponderExcluir
  3. Muito preocupante, pois agora que o clube estava se recuperandor

    ResponderExcluir
  4. Boa tarde, a previsão de venda do Vitinho que esta emprestado e bem no barcelona. 15 milhões de euros.

    ResponderExcluir