sábado, 17 de outubro de 2020

ARTIGO - OUTUBRO/2020 - OS TÉCNICOS DA ERA MAURÍCIO GALIOTTE. POR QUE NÃO VEM DANDO CERTO?



O Presidente Maurício Galiotte assumiu o cargo no final de 2016, substituindo Paulo Nobre. E, depois de dois anos, foi reeleito para mandato de mais três, que se encerrará ao final de 2021. 

No início de 2017, ou seja, logo no começo da gestão, ocorreu a famosa deliberação acerca da possibilidade ou não de uma das representantes da patrocinadora assumir uma cadeira no CD, por conta da data de filiação ao clube e, por maioria, tendo em vista a aprovação do presidente recém eleito, o CD referendou. 

Naquele ano, o escolhido para dirigir o clube foi Eduardo Batista, um técnico jovem que só durou quatro meses no cargo. Em maio daquele ano CUCA foi recontratado, pois havia nos dado o título brasileiro em 2016. 

Também a passagem foi curta: contratado em maio foi demitido em outubro. 

Efetivou-se então Alberto Valentin, com a esperança que desse prosseguimento de forma mais definitiva, permanecendo só por dois meses. 

Entramos em 2018 e foi contratado Roger Machado, outro treinador da safra mais nova. Só aguentou seis meses e foi substituído por Luiz Felipe Scolari, o mais duradouro de todos, permanecendo por trezes meses, até ser substituído por Mano Menezes, que só resistiu por três meses. 

Em 2020 a aposta foi o veterano Luxemburgo, que venceu o Paulista, mas caiu agora em outubro. Ficou dez meses, dos quais pelo menos três sem nenhuma atividade pela pandemia. 

São sete técnicos em menos de quatro anos. É muita coisa!


Esses dados, bem como o desempenho de cada um, já foram amplamente divulgados. A análise que eu quero fazer é mais profunda: por que não vem dando certo? 

São, a meu ver, três pontos mais relevantes. 

1. O perfil do técnico. 

Técnico não faz milagre. A maior virtude dele – e o maior desafio - é coordenar o grupo; manter todos motivados; treinar e colocar cada um em sua posição, para ter opções táticas e padrão de jogo. Enfim, extrair o melhor de cada um. 

O técnico que quer inventar e dar uma de “professor pardal” acaba se dando mal. E, nesse ponto, a direção de cada clube precisa saber o que realmente deseja. 

A atual administração do clube, com o devido respeito, e sabendo da boa intenção, não teve nenhum caminho lógico. Primeiro optou por um técnico novo, inexperiente e não deu respaldo. Caiu com aproveitamento acima de 66% e por quê? Porque perdeu alguns jogos e o time não tinha sequência nem padrão. 

A segunda opção, volta o campeão e experiente CUCA que, sabidamente, não estava em um bom momento, que tinha saído meses antes por desavenças com o departamento de futebol e, novamente, não teve respaldo. Saiu com 53%. 

Colocou-se um interino novo, Alberto Valentin, funcionário do clube, com a aposta que daria certo. Não deu. Ficou 11 jogos com 57% de aproveitamento. 

Volta-se, então, para um perfil moderno, revolucionário, e vem Roger Machado que, mesmo com 60% de aproveitamento, caiu com 44 jogos. Novamente faltava padrão e consistência. 

Chegou a vez, então, de voltar à experiência com retorno de Felipão que, com seu modo comum e conhecido de jogar, fez trabalho de resultado. Conseguiu o título e, com o passar do tempo foi caindo na falta de motivação geral, sucumbindo ainda no meio do ano seguinte, com aproveitamento de 68%. 

Desta vez não houve rodízio, veio o matreiro e experiente Mano Menezes que foi muito mal em padrão de jogo, mas não em resultados: 63,3%. Ficou quatro meses. 

Por fim, mantendo o perfil convencional da experiência, Luxemburgo veio para a quinta passagem pelo clube. Ganhou o Paulista, é verdade, mas o time não jogava bem. Jogar bem foi uma raridade, vencia na bacia das almas, empatava muito e como se diz, não encantava. O Paulista foi um campeonato show de horrores e só vencemos nos pênaltis. O brasileiro é de baixo nível e vencíamos no segundo tempo, diante das cinco alterações: elenco maior faz diferença. 

Não é desconhecimento do público que “inventou” Felipe Melo na zaga, “ignorou” Scarpa, “protegeu”, escalando seguidamente, L. Lima e Rony e só lançou os meninos por forte pressão. 

Saiu com 60% de aproveitamento, porque o time era uma incógnita, sem nenhum esquema. 

Em resumo: a direção está tateando, indo pra lá, vindo para cá. Não encontrou ninguém que desse um padrão tático ao time. 

Teriam sido escolhas erradas? Agora é fácil falar, mas, em sã consciência, alguns nomes já sabíamos que estavam demitidos antes mesmo das estreias. Outros foram mesmo decepções. 

Teria sido esse o maior erro? Acho que está lado a lado com a montagem do elenco. 

2. Montagem do elenco. 

O Palmeiras se notabilizou, nos últimos anos, por alardear ter dinheiro, maior patrocínio do país, arena espetacular, plano de sócios avançado etc. Ah, incluindo “doações” milionárias que viraram “empréstimos”, hoje na casa de R$ 170.000.000,00 

É verdade. Temos uma linda arena, temos um bom programa de sócio torcedor e temos patrocínios dignos de nossa tradição. Só isso. Mas é pouco. Precisa ter profissionalismo, foco e objetivos nas contratações. Precisa definir qual o DNA do elenco e não sair contratando a esmo, gastando rios de dinheiro em contratações pífias, salários milionários e comissões altíssimas, só para agradar os técnicos de plantão e logo depois demiti-los. 

E mais, o técnico a ser contratado precisa, de certa forma, se encaixar no perfil dos jogadores, pois, caso contrário, a cada troca no comando teremos que remontar o elenco. Estaríamos perdidos, diante da rotatividade de comandantes. 

Esta gestão, nestes quatro anos, contratou mais de 30 jogadores, que se somaram a outras dezenas de contratações da chamada “era Mattos” 

Vamos lembrar alguns: Viña, Ronny, Zé Rafael
Arthur Cabral, Luiz Adriano, Ramirez, Vitor Hugo, Carlos Eduardo, 
Matheus Fernandes, Diogo Barbosa, Lucas Lima, Marcos Rocha, Weverton, Emerson Santos, Gustavo Scarpa, Gustavo Gomez, Guerra, Antônio Carlos, Mayke, Luan, Felipe Melo, Keno, Hyoran, Michel Bastos, Borja, Raphael Veiga, Willian, Juninho, Bruno Henrique, Deyverson. Sem contar os empréstimos de Ricardo Goulart, Nico Freire, Felipe Pires e Henrique Dourado. 

Convenhamos que muitos deles não devem vestir nosso manto e, o pior, os valores das aquisições dos direitos econômicos, ou só dos salários extrapolaram, muitas vezes, o bom senso, sem contar os contratos de longo prazo, que favorecem a acomodação. Essa argumentação de que “veio de graça” é balela. A diferença vai no salário, vide os exemplos de Ramires e Luis Adriano. Aliás, dois bons exemplos de que contratos longos é um erro (quatro anos). 

Ano a ano o orçamento do futebol do clube supera meio bilhão de reais e é pífio o retorno em títulos. 

Em resumo, as escolhas erradas com os técnicos também se confirmaram nas aquisições equivocadas de vários jogadores. 

3. Exigência de um padrão de jogo 

Creio que o que mais está incomodando os palmeirenses é a falta de um esquema de jogo, de padrão tático, de ver que os jogadores têm consciência do que estão fazendo nos jogos. Nosso time não tem, como regra, jogadas com começo, meio e fim. E já faz tempo. 

Nenhum dos técnicos conseguiu isso e, se em parte é por culpa do elenco, também é por culpa deles, na medida em que assistindo outros times, com elencos menos qualificados e mais baratos que o nosso, percebemos que estão rendendo melhor. 

O Inter e o Atlético Mineiro são exemplos disso: não dá para dizer que nosso elenco é pior que os deles que, mesmo cheio de desfalques, vão avançando na pontuação e com futebol mais razoável. 

Será coincidência os dois times terem técnicos estrangeiros? Será que a filosofia deles é diferente e conquista os atletas? Será que treinam mais e melhor? 

Estamos ficando cansados de “o time tá cansado, não tem tempo de treinar, muitas contusões, seleção etc.”. O próprio Flamengo, cuja diretoria merece todas as críticas pelo episódio antes do confronto conosco, é outro exemplo: um time remendado, jogando quase que dia sim dia não, está nove pontos na nossa frente. Nós empatamos com o Goiás (desfalcado por 15 jogadores estarem com COVID), com time completo. Eles venceram o mesmo Goiás (sem o surto do vírus), com desfalques nas seleções (Rodrigo Caio, Arrascaeta e Everton Ribeiro) e sem o artilheiro Gabi gol. Talvez o elenco esteja mais comprometido com o clube, talvez o técnico motive e treine mais. Não há resposta exata. 

Desde que iniciou esta fase simbiótica entre política e patrocínio, com interesse na administração do clube, estamos nos enveredando por caminhos que podem ser perigosos. 

A base não vem sendo valorizada – exceto este ano – por pressão e falta de dinheiro. Primou-se por um elenco de grife, com status, sem observar-se o que cada atleta vinha fazendo em passado recente. Creio que Lucas Lima e Ramires sejam exemplos claros disso, onde o “custo x benefício” é muito baixo. São profissionais e merecem respeito – como todos -, mas não podemos manter a situação, sendo que a responsabilidade é de quem contratou. 

Já tivemos oportunidade de escrever sobre a situação econômica. Estamos observando as receitas diminuírem e o aumento da venda de atletas para cobrir o rombo. Não há mais espaço para erros: precisamos de um técnico vencedor que, mesmo sem exigir grandes investimentos, consiga extrair o melhor de cada atleta. E, ao mesmo tempo, conseguir nos livrarmos de alguns “abacaxis” que compramos, para repor com melhor quali

15 comentários:

  1. Muito boa a abordagem. É isso o que vem ocorrendo.

    ResponderExcluir
  2. Boa tarde. Escolhas equivocadas em todas as áreas. Muita gente ruim que se acha ótima.

    ResponderExcluir
  3. É impossível ter planejamento agindo desta forma. Precipitação pura.

    ResponderExcluir
  4. Oi pessoal. É incrível como falta profissionalismo e inteligência nas escolhas destes últimos anos. Pobre do nosso palestra.

    ResponderExcluir
  5. São muitas mudanças no elenco e nos chefes. Por isso está inconstância e falta de resultados. Ganhamos muitas partidas, mas sem efetividade. Que agora acertem.

    ResponderExcluir
  6. Quem sabe uma hora esta turma acerta. Estamos cansados desta lenga lenga a cada derrota.as redes sociais passaram a ser a bengala dos incompetentes

    ResponderExcluir
  7. As bobagens não são exclusividade do verdão. Vejam quantos técnicos que já provaram incompetência continuam sendo contratados.

    ResponderExcluir
  8. Palmeirenses, está dança de técnicos no Brasil não tem lógica. Perdeu tá fora. Os números mostram isso. Uma troca mal feita só dá resultado num primeiro momento. Mas quando não dá liga com o grupo deve trocar. O grande lance é escolher bem.

    ResponderExcluir
  9. O Palmeiras dá mal exemplo quando permite que a torcida intefira e queira dar palpites. Um erro fatal. O gambá fez o mesmo e tá nesta situação. Abre o olho presidente.

    ResponderExcluir
  10. Perfeitas a análise do artigo e dos comenta. Chamo atenção e Von ordo com a questão do patrocinador querer aparecer mais que todos e desta da torcida. A pressão que fizeram hoje é lamentável, como permitir que tenham contato com o time. Saudades de quem impedia isso.

    ResponderExcluir
  11. Fora esta diretoria incompetente. É o meu recado. Jair.

    ResponderExcluir
  12. Tudo isso já ocorreu. Que a escolha agora seja melhor. Apostar em um estrangeiro dada a falta de opções no mercado interno é uma boa.

    ResponderExcluir
  13. Bom dia amigos palmeirenses. É mesmo intrigante esta constatação feita pelo nobre articulista. E como ele escreveu, o que nos incomoda é a falta de padrão de jogo já há vários anos. Tivemos dois títulos mas é muito pouco pelo que investimos. Planejamento parece ser bem abaixo do esperado. Escolhas estranhas, contratações mais estranhas ainda. E ontem veio a notícia de que o próprio técnico do Del Vale pediu para que um pseudo empresário saísse da jogada. Mais um querendo uma parcela da negociação. Esse caso me lembra o que ocorreu em 2010 quando da volta do Valdívia. O então presidente Beluzzo pagou comissão alta para a empresa do Valdivia e do pai dele para "apresentarem" o jogador ao clube. Isso é uma vergonha!
    Até quando o Palmeiras será administrado por amadores?

    ResponderExcluir
  14. Roger Machado e Eduardo Batista não eram nomes para estar a frente de nosso plantel. Escolhas ridículas e não deram respaldo. Os anos vão passando e vamos perdendo títulos e vendo nosso patrimônio sumir. Onde já se viu contratar verdadeiras mediocridades e depois ficar devendo por conta destas compras para a dona da grana. Gastar dezenas de milhões com Deyverson, Borja, Lucas Lima, Ramires e Diogo Barbosa. É de doer e o fim da picada. Tratam o dinheiro do clube como se fosse capim. Fora esta turma. Volta Paulo Nobre.

    ResponderExcluir
  15. Essa falta de lógica não é exclusividade do Palmeiras. Nosso "querido gambá" é um bom mau exemplo.

    ResponderExcluir