domingo, 11 de outubro de 2020

ARTIGO - OUTUBRO/2020 - NOSSAS FINANÇAS. ANÁLISE DO BALANÇO DE 2019 E PERSPECTIVAS



Como foi publicado na última terça-feira, neste espaço, o CD do Palmeiras, por maioria, aprovou as contas da administração do ano de 2019.

Após mais de sete meses, sem nenhum tipo de reunião ou informação, o CD se reuniu presencialmente para analisar a administração no ano de 2019. Essa reunião física, contrariando as regras de isolamento e distanciamento social, acabou por provocar a ausência de dezenas de membros e tantos outros que se ausentaram antes do término, diante do perigo pela permanência em local fechado (ginásio), com um único  local de entrada e  saída disponível.

Pois bem, as contas foram aprovadas, mas alguns dados devem ser melhor analisados, especialmente por quem se preocupa com o futuro do clube. Neste site já tivemos oportunidade de nos manifestar a respeito do perigo como o clube vem sendo administrado: aumento expressivo de despesas, apostas em aquisição de jogadores medianos, por elevados valores, formando um ativo intangível frágil e criando um passivo não circulante cada vez maior.

A prova de que esta metodologia é arriscada e nem sempre a melhor, está que, ano a ano, nosso superávit vem caindo drasticamente.

Todos nós, verdadeiros palmeirenses, não queremos que se repita a tragédia que vivemos nas gestões 2009/2010, 2011/12. O Palmeiras renasceu a partir de uma gestão mais profissional que conseguiu, com erros e acertos,  redução de custos e empréstimo pessoal do presidente, ir se recapitalizando, ganhando títulos e com isso retomou  o curso vitorioso da nossa história.

Pois bem, relembrando os números, desde 2017, com base exclusivamente nos balanços apresentados e 

aprovados, disponíveis no site do clube, com prévios pareceres do COF e da auditoria externa, portanto, devem expressar a realidade, temos alguns dados importantes e que os sócios devem se atentar. 

Valores em R$ milhares.




O que chama muito a atenção, e isso deve ser motivo de alerta:

1. As despesas, nos últimos anos, estão muito superiores ao aprovado nos orçamentos para o exercício. Em 2019 foram gastos cerca de R$ 76.000.000,00, além do previsto.

2. Não parece haver controle de algumas despesas (elevadas) e que corroem as receitas (gastos com os jogos e o programa AVANTI, por exemplo). E a rubrica despesas gerais é bem expressiva!

3. Os tais “empréstimos devidos à patrocinadora”, criados após as despesas já realizadas, estão em valor muito elevado, passando de R$ 172 milhões. É preciso criar um cronograma de pagamento, pois o passivo não circulante (a cargo das futuras administrações) está alto, e com pagamento de juros e encargos corroemos o orçamento do ano. Neste ano já vendemos alguns jogadores do “pacote” e emprestamos Dudu, o que deve gerar alguma diminuição. Mas, também, perderemos o Guerra, sem nenhum retorno financeiro, agora no fim do ano, e teremos que pagar.

4. Não podemos mais, para equilibrar o caixa, vender nossas revelações sem antes conseguir que se firmem, para obtermos valores mais altos. Só nos dois últimos anos vendemos mais de sete joias, dentre elas Luan Cândido, Vitão, Fernando, por cerca de R$77 milhões.

5. O caixa só foi “zerado” e obtido um superávit por conta de isolado saldo positivo no mês de dezembro de 2019 (de mais de R$ 43,9 milhões), pois até novembro o déficit acumulado era superior a 42,2 milhões e “surpreendentemente” voltou a ficar negativo em janeiro/20 (15,9 mi) e fevereiro/20 (18 mi). O isolado superávit decorreu da venda de atletas naquele final de ano.

O ano de 2020 está sendo atípico. Deixamos de ter inúmeras receitas, como bilheteria e AVANTI, além de uma certa inadimplência no cube social, o que fará, certamente, que as contas sejam piores e que serão minimizadas pela venda de jogadores.

Ou seja, o elenco se enfraquece, as despesas continuam altas, a dívida pelo empréstimo com a empresa patrocinadora só aumenta e vamos levando... até quando não se sabe.

Esta gestão criou um “comitê gestor” do futebol, integrado por vice presidentes, diretor financeiro e diretor de futebol remunerado. O que queremos saber é: qual foi a efetiva melhoria da gestão por conta desta descentralização?

Arrisco a dizer que nenhuma. E mais, quanto mais você descentraliza, menos poder de decisão existe e menos responsabilidades são assumidas.

Tem uma expressão popular que bem retrata a situação: se você não quer decidir, nem resolver, crie um grupo de trabalho ou uma comissão.

Enfim, o meu maior receio - e de muitos palmeirenses com quem converso - é o clube se enveredar por um caminho tortuoso, como tivemos no começo da década passada, endividado, sem prestígio, sem títulos e, o pior de tudo, refém de alguém ou de algum grupo. 

Não queremos e não vamos deixar o Palmeiras ficar como o Cruzeiro, que começou assim, com um “arrojo” em gastos (com Alexandre Mattos) e foi aos poucos sucumbindo, também fruto de péssimas administrações posteriores.

9 comentários:

  1. Domingo triste de cabeça quente pelo péssimo futebol e depous de ver os números fico mais pessimista. Se continuar esse futebol ruim, sem títulos o caos vai chegar. Tomara que não!

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  2. É muito dinheiro para pouco futebol. Também pagar quase um milhão pra meia dúzia de jogadores médios, em fim de carreira, não há finança que aguente.

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  3. Hoje nós livramos de um belo gasto mensal sem o Bruno Henrique. Que usem bem o dinheiro.

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  4. Saímos de uma situação dificílima de 2012/2013, corremos riscos em 2014 e a partir de 2015 passamos a desfrutar de várias condições favoráveis para nos tornarmos um clube forte financeiramente e dentro de campo (no estádio; adesão ao programa sócio torcedor; pagamento de dívidas; conquistas de títulos que valorizaram o elenco, etc).Porém, nos últimos anos parece que perdemos um pouco o rumo... contratações caras e sem retorno... falta de planejamento e transparência... Precisamos retomar nosso Norte urgente!

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  5. Nos últimos anos compramos mal, pelo menos conseguimos nos livrar de uma parte deles. O problema é ficar vendendo os meninos. Tá ruim a situação.

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  6. Procurei no site e não vi os balanços mais antigos. Antes tinha todo mês. Por que? O que querem esconder? Os números são pífios comparando com o resultado em campo.

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  7. Senhoras e senhores, penso que o clube precisa de uma auditoria séria e isenta. Também mais profissionalismo na direção. Ficar criando comitê é para se eximir de responsabilidade. O presidente já está no cargo há quatro anos. Já era hora da situação estar mais equilibrada e sob comando. Luciano.

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  8. Comitê, comissão so servem pra levar dinheiro, prestígio ou atraso de decisões. Quem manda afinal? Ridícula nossa performance diante de tanto dinheiro gasto nestes quatro anos. Pensei que as gestões do beluzzo e do tirone fossem as piores. Acho que a atual é séria concorrente. Pedro Luiz, de Bauru.

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  9. Os números revelam a barbaridade que esta diretoria e a representante da patrocinadora estão fazendo. Querem holofotes as custas do nosso verdão. Isso não é amor.

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