Em qualquer entidade, empresa, sociedade, condomínio, etc. existe um regramento interno, que é a base da forma de relacionamento das pessoas, regras, princípios, etc. Por isso precisa ser um documento sério, completo, sistemático, coerente e que atenda a toda coletividade.
No caso do Palmeiras este documento é o Estatuto Social que vem, de uns anos para cá, sofrendo mutilações e atropelos que o estão deixando cada vez menos organizado.
Desde 2017, a direção do clube optou por um fatiamento (verdadeiro esquartejamento, diria eu) do estatuto, de tal modo que só se altera o que é de “interesse”.
É para refletir. 😐
Esta última minirreforma, votada segunda-feira pelo CD, a terceira desta série, culminou com um resultado patético, previsível diante do que se propôs de mudanças; da falta de diálogo na montagem das propostas de alteração; de seu conteúdo e de conhecimento da matéria.
Ou seja, de nove proposta duas aprovações, duas retiradas de pauta e cinco rejeições.
Vamos a uma análise mais profunda dos tópicos elencados pela Comissão, formada por escolha exclusiva dos presidentes do CD, da Diretoria e do COF.
Proposta um: diminuição dos conselheiros vitalícios. Como ideia e conceito 👍 , como proposta formalizada 👎
Importantíssima medida, por ser democrática e justa aos sócios, pois o CD é o órgão que os representa. Mas, o que tínhamos nas entrelinhas da proposta:
a) Redução mínima: de 148 para 120.
b) Adiar a vigência efetiva para 2021 – sim, a proposta era só aplicar a partir de fevereiro de 2021.
c) Criar mecanismos e mudar critérios para acelerar a obtenção de requisitos para que muitos outros conselheiros pudessem se tornar sócios beneméritos e poder concorrer a vitalícios e, assim, já teriam conseguido a eleição, teoricamente, até 2021.
b) Adiar a vigência efetiva para 2021 – sim, a proposta era só aplicar a partir de fevereiro de 2021.
c) Criar mecanismos e mudar critérios para acelerar a obtenção de requisitos para que muitos outros conselheiros pudessem se tornar sócios beneméritos e poder concorrer a vitalícios e, assim, já teriam conseguido a eleição, teoricamente, até 2021.
Ou seja: era uma proposta vazia, tipo “jogar para a galera” e não mudar quase nada. 👎
Tivemos o cuidado, eu e vários colegas do CD, de apresentar uma emenda mudando para cem vagas apenas e com imediata aplicação. Seguindo o que o sócio decidiu na assembleia de 2017.
Venceu o retrocesso e a estagnação. Cento e trinta e três conselheiros presentes foram contra a diminuição (além de mais de dez que não quiseram votar, se ausentando no momento) e, com isso, não foi aprovada nem a proposta nem a emenda (votadas separadamente, e só alcançado pouco mais de setenta votos cada uma).
Resultado ao clube pela não aprovação da emenda para 100 cargos: negativo 👎
Propostas dois e três: criação de categorias de conselheiros 👎
A medida apresentada, e que não havia sido discutida em comissões e estudos anteriores, criava categorias de conselheiros eméritos e beneméritos, sem função, apenas podiam assistir as sessões. Para uns era opção, para outros, punição por faltas, ainda que justificadas.
As propostas estavam confusas, não havia sistematização nem harmonização com outros artigos e existiam três emendas para o assunto, uma delas apresentadas por mim e pelo grupo que subscreveu a emenda do item anterior. Assim, eu e os subscritores das outras emendas, conversamos com o presidente do CD, com alguns membros da comissão e esta concordou em retirar os itens da pauta, para amadurecer a discussão das propostas, após pedido formal do Conselheiro Silvio Mukai.
Resultado: tempo perdido por falta de diálogo e construção das propostas entre os conselheiros.
Proposta quatro: alterar critério para preencher requisitos para ser benemérito 👎
Esta proposta é aquela que estava atrelada à primeira (início da diminuição dos vitalícios). Aqui um esclarecimento: um dos requisitos para o sócio ser considerado benemérito, e isso é condição para se candidatar a conselheiro vitalício, é ter participado de diretorias do clube (as chamadas carteirinhas que são os passaportes para a vitaliciedade). A regra hoje é que o sócio tenha permanecido no cargo durante as gestões dos presidentes. A proposta previa mudar a forma de contar o tempo, passando para “anos completos” no cargo.
Com isso, você poderia somar tempos de gestões diferentes. O problema é que não se previu período mínimo no cargo para contar. Ou seja, poderia haver nomeação por um mês, só para a pessoa conseguir somar o tempo. Isso é ruim para a administração.
O grupo a que já referi acima propôs uma emenda para que tivesse tempo mínimo de seis meses no cargo para poder somar.
A proposta da comissão não obteve quórum e, assim, a matéria foi rejeitada.
Resultado: outra proposta que não interessava nada ao clube, só para beneficiar os diretores ou ex diretores e assessores especiais.
Proposta cinco: exigir que presidente e vice do CD concorram por chapa 👎
Esta foi mais uma proposta, a meu ver, totalmente voltada a atender a interesses políticos da maioria que hoje compõe o CD.
Exigir que os dois candidatos estejam vinculados a uma chapa significa dizer que o presidente e vice tem que ser de mesma ala política. E essa não é uma verdade. O presidente do CD é o representante dos demais conselheiros, tem que zelar pelas prerrogativas do órgão e deve ser absolutamente independente em relação ao presidente da diretoria. O vice o auxilia.
O CD funciona como o Poder Legislativo e, assim, não pode estar atrelado umbilicalmente ao executivo.
Qual o problema se os conselheiros escolherem pessoas que eles entendam aptas ao exercício do cargo, sem vínculo político com grupo “A” ou “B”? Não poderiam ter esta liberdade? E se um candidato fosse de uma ala e o outro de outra? Qual impedimento?
Nós nos pusemos no momento da votação e, felizmente, também não foi aprovada.
Resultado: mais uma regra desnecessária para a administração do clube e para uma minirreforma.
Proposta seis: sigilo nas deliberações do COF 👎👎👎
Esta proposta, na contramão dos princípios da transparência e informação, propunha que as atas do COF fossem proibidas de serem registradas em cartório.
Ora, ora, ora, o clube iria virar uma caixa preta. Já não se publica na revista e no site do clube os balancetes e, agora, queriam tornar secretas as decisões?
Um grupo de conselheiros apresentou uma proposta em sentido oposto: a publicação das atas seria obrigatória e o sigilo a exceção. Embora tenha contado com meu apoio e uma brilhante defesa feita na tribuna pelo conselheiro Luiz Moncau, a emenda foi rejeitada. 😭
Felizmente, a proposta também foi. 👍
Resultado: a proposta, horrível ao clube, foi rejeitada. Ponto positivo. A emenda, extremamente importante para a transparência, foi rejeitada, ponto negativo.
Proposta sete: deixar de exigir que o presidente seja brasileiro 👎
Esta é mais uma proposta surreal que não tem nenhum objetivo de aprimorar o clube, mas sim de atender interesses casuísticos. Só existem dois conselheiros que não são brasileiros e que, em tese, podem se candidatar à presidência – se é que preenchem os demais requisitos exigidos.
Eu pergunto: qual pertinência de se incluir numa minirreforma, que deveria se restringir a questões importantes ou urgentes ao clube, esta disposição?
Pior, a comissão propunha, ainda, excluir a palavra “administrador” do artigo, quando o estatuto traz um título inteiro esclarecendo as funções da diretoria (presidente e vices) que atuam como administradores do clube.
Resultado: a proposta foi rejeitada e, mais uma vez, matéria sem nenhuma pertinência ao clube.
Proposta oito: sócios do interior poderem frequentar o clube por 30 dias alternados 😐
Esta proposta tinha dois pontos centrais a serem analisados: 1. A rejeição poderia representar diminuição de despesas, pois deixaria de ser tão atrativa aos interessados. 2. A aprovação poderá representar aumento do número de pessoas no clube, em finais de semana, dificultando as atividades dos sócios efetivos. Os sócios do interior podem passar a ir em até 15 fins de semana por ano ou 30 sábados ou domingos, por exemplo.
É polêmico e, por isso, caberá ao sócio decidir em assembleia, dia 14/12: se metade mais um dos presentes concordar com a medida aprovada no CD ela fica aprovada, caso contrário, se a maioria dos sócios não quiser, fica como é a regra de hoje: trintas dias corridos.
Proposta nove: mudança da data da eleição para o COF 👍
Essa é mais uma prova de que estas minirreformas devem ser evitadas. Essa regra já estava prevista desde a apresentação da proposta de reforma completa do estatuto, em 2016. Como são feitas estas alterações aleatórias, aquela regra acabou passando.
É importante, pois evita que membro do CD que esteja terminando o mandato, seja eleito ao COF.
Resultado: medida tardia, mais importante.
EM RESUMO. Das nove propostas que justificaram a formação de uma comissão especial, que obrigaram a convocação de reuniões setoriais, a reunião extraordinária, para “mutilar” o estatuo, somente duas, a primeira e a última, eram verdadeiramente de interesse do clube.
Lamentavelmente, uma delas foi rejeitada, prevalecendo o conservadorismo e a defesa de interesses próprios.
Nós, associados, agora em assembleia, podemos mudar isso.
Vamos arregaçar as mangas e ir para a luta. Dia 14/12.
Muito triste ver que o dinheiro que está entrando, além de ser mal gasto ainda tem como obstáculo estes senhores que querem virar donos do clube. Fim dos vitalicios. Essa é uma das providências que precisamos tomar.
ResponderExcluirCaro conselheiro. A cada artigo que leio aqui, a cada conversa nas alamedas do clube vejo que estamos, andando para trás. Essa fixação da sra Leila, este comportamento do presidente e a postura de alguns conselheiros são deploráveis. Bom final de domingo a todos.
ResponderExcluirPalmeirenses o que este interessante artigo nos mostra é como se pensam no próprio umbigo e ferre-se o clube. Quem nega a diminuir os vitalícios pq quer se tornar um é repugante. Vou querer saber quem foram estes iluminados pra nunca votar neles.
ResponderExcluirEste CD do Palmeiras deveria ser fechado e ter novas eleições pra todos os cargos.
ResponderExcluirMudar o estatuto pra facilitar ficarem mamando nas tetas do Clube é imperdoável. Fora esta turma.
ResponderExcluirRidículo como tem sido a conduta do presidente do cd e do clube. Muito triste
ResponderExcluirData máxima vênia estes conselheiros da era paleolítica precisam se aposentar. Chega dos mesmos, sempre e toda vez contra o clube.
ResponderExcluirMudar o estatuto para atender mesquinhos objetivos pessoais é o fim do mundo. Típico de pessoas de caráter duvidoso e que estão querendo dominar nosso clube. Volta Paulo Nobre.
ResponderExcluirInteresses obscuros rondam nosso querido Palestra. Agora, à quem interessa essa baderna que vemos nos últimos tempos? Um estatuto todo remendado. Qual opinião do nobre conselheiro?
ResponderExcluirBoa tarde. Não tenho a menor pretensão de querer ser o dono da verdade, mas o fato é que o clube, de 2017 para cá está passando por uma transformação para pior.
ExcluirEstávamos com as dívidas controladas, numa reta de subida e era só dar continuidade ao ritmo e aprimorar alguma coisa. Partimos para o inverso. Ruptura com o sistema que deu certo e opção para ir para uma linha de super produção, de estrelas, de glamour mas com consequências sérias.
O resultado: dívidas crescentes, falta de fluxo de caixa, necessidade venda de atletas da base, contratações pífias e por aí afora.
O estatuto, nossa Constituição, vem sendo mutilada em busca de atender interesses da maioria formada pela coalização em torno da patrocinadora que quer ser presidente em 2021.
Por isso ficam fatiando a reforma, colocando artigos que interessam ao projeto e, de outro lado, alguns se sentem estimulados para propor questões até certo ponto irrelevantes, tudo para atender interesse próprio.
Tentar impor sigilo absoluto das deliberações do COF é por uma mordaça
O que era importante para modernizar o clube, seria dar mais representação ao sócio. Quem foi contra? Muitos vitalícios e muitos "candidatos a vitalícios" e, com isso, formaram maioria.
Mudar a forma de conseguir tempo para ser sócio benemérito foi outro tiro no pé. Foi uma proposta voltada a atender meia dúzia de sócios. A que dispensava ser brasileiro (o presidente) atendia dois sócios.
Enfim, o que menos importa hoje, para muitos, é o bem do clube. Em primeiro lugar a vaidade pessoal, a necessidade de formar um arco de alianças e de "expulsar" os que não pensam como eles.
Felizmente, ainda há resistência a esse tipo de pensamento e a palavra final será sempre do associado ou do Poder Judiciário no caso de decisões ilegais.