sábado, 15 de junho de 2019

ARTIGO - JUNHO/2019 - SHOW DOS MENINOS DO VERDÃO. POR QUE NÃO APROVEITÁ-LOS? UMA REFLEXÃO


O sub 17 do verdão sagrou-se bicampeão mundial neste sábado.

Foram 05 jogos, 05 vitórias e, na final, contra o Leganés, vencemos por 2 a 1.

Os atacantes Fabrício e Gabriel Silva foram os artilheiros do Mundial Sub-17. O time fez 11 gols e sofreu apenas três.

É o segundo título mundial consecutivo desta categoria.

PARABÉNS AOS GAROTOS!

Aliás, o Palmeiras vem vencendo em todas as categorias, a partir de um trabalho que começou em 2013.

A grande questão é: por que os garotos não se firmam no time principal e são vendidos ou saem ao final dos contratos?

Segundo balanço aprovado o custo do futebol amador em 2018 foi de R$ 18.000.000,00, valor este que pode ser considerado baixo se o clube aproveitar bem os atletas (o profissional passou de 516 milhões).

Vez o ou outra conseguimos grandes negócios, como Gabriel Jesus, Luan Cândido e, agora, a bola da vez pode ser Artur.

Mas a pergunta principal é por qual razão o clube não usa mais os atletas de base? Quantos bons jogadores saíram sem chances e, em contrapartida, quantos jogadores bastante questionáveis compramos nestes últimos anos?

Podem alegar: temos dinheiro e investimos com segurança. Mas isso não é bem verdade. Temos muitas receitas, mas também muitas despesas e compromissos assumidos com jogadores e patrocinadores.

Em final de dezembro de 2017 ganhamos um “presente de papai Noel” da patrocinadora, com a revisão dos contratos de patrocínio com os quais adquirimos 13 jogadores. De um momento ao outro o clube passou a assumir o risco de tais negócios e, enquanto antes devia só o valor da venda alcançada de cada atleta (quando ela ocorresse), agora devemos mais de R$ 150 milhões de reais e temos que pagar ao término dos contratos com os atletas e um cobre o outro, até quitação da dívida, independentemente do valor auferido.

Por isso, em 2018 e 2019, o clube deveria repensar a forma de ser administrado, pois o passivo não circulante, a longo prazo, vem crescendo de forma rápida e não há como se garantir que tais dívidas estejam cobertas pelos ativos dos atletas (desvalorização, idade, performance, etc.).

Isso deixamos claro quando do boletim por dentro de conselho que enviamos e publicamos no último mês de março.

Mas então devemos enfraquecer o time?

DE FORMA ALGUMA. BASTA MAIS CAUTELA NAS AQUISIÇÕES E VENDAS.

Indago dos leitores: no que o Palmeiras se fortaleceu com as aquisições de Emerson Santos, Nico Freire, Filipe Pires, Erick e tantos outros?

Ou, perguntando de outra forma, no que o Palmeiras teria tido menos sucesso sem eles? Nenhum.

Mas, em contrapartida, milhões e milhões de reais foram desperdiçados em direitos econômicos, luvas, salários e comissões.

Ou seja, diante do quadro atual desta dívida enorme e crescente, mês a mês, com a patrocinadora (mais de oitocentos mil reais de juros mensais) temos que tomar muito cuidado nas compras e vendas.

Como citado, Nico Freire passou seis meses por aqui, desfrutou de nossas instalações, recebeu salários e foi embora sem ter jogado...

E o Emerson Santos? Ficou dois meses e está sendo emprestado de forma seguida. O mesmo caso de Erick... e parece ser o caminho de Filipe Pires e Carlos Eduardo.

A lista segue e é grande.

Portanto, nesta fase, em que temos muitas receitas, mas despesas altas e esta dívida, o melhor caminho é priorizar os gastos e utilizar os jogadores da base para composição do elenco.

O Palmeiras não precisa de um time de grife. Precisa de um time de qualidade e que tenha identidade com a torcida. Muitos destes garotos que não são aproveitados teriam muito potencial para entrar e não sair do time.

Mesclar é a palavra chave para ter um elenco de altíssimo nível, sem riscos ao clube.

Artur e Luan Cândido são dois exemplos do que estamos falando. Um já foi vendido e o outro fatalmente será, sem terem chances no time principal. Quando falo em chances não é colocar em uma partida faltando pouco e dizer, vai lá e resolve, ou num time misto. É dar sequência, como se faz com os “ídolos comprados a preço de ouro”.

A base não pode servir só de tapa buraco do rombo financeiro do profissional, como nos casos de Jesus e Luan Cândido.

Em resumo. O clube precisa saber valorizar sua base, entender que bom jogador pode ser prata da casa, deixar de investir só em medalhões que tem nome, mas não tem vontade, deixar de gastar fortunas em comissões com estas transações e valorizar o dinheiro que tem.

O Palmeiras, fruto de muito trabalho ao longo dos últimos seis anos, vem num crescendo, mas não pode se perder, porque tivemos muitos exemplos de que endividamento futuro, sem consciência e consistência, não é bom.

2 comentários:

  1. Como sempre, excelentes ponderações. Mario

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  2. Bom domingo a todos. Melhoramos muito desde a era Paulo Nobre so que ainda tem muita coisa a ser explicada nestas contratações no mínimo estranhas e na falta de uso da base. Merece uma investigação mais profunda.

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