sexta-feira, 3 de novembro de 2017

ARTIGO - NOVEMBRO/2017 - A HISTÓRIA O DERBY NA VERSÃO DE NARRADORES INESQUECÍVEIS


Palmeiras e Corinthians realizaram, nos últimos cem anos, espetáculos épicos e de arrepiar.

Nas vésperas de mais um clássico, que poderá determinar uma drástica diminuição da vantagem do líder, mantendo acesa a disputa pelo título, chegou a hora de relembrar o espetáculo de outra forma, por meio daqueles que ao longo das últimas décadas tem nos proporcionado momentos de êxtase: os locutores esportivos de rádio.

Antes da era digital e da internet tudo que tínhamos para idealizar e visualizar mentalmente os jogos eram as narrações destes profissionais, muitos de altíssima qualidade e que, por isso, merecem ser homenageados, até porque selecionadas narrações envolvendo o derby deste domingo.

Quem de nós, de sã consciência, vai negar que já não tenha ficado grudado num radinho de pilha, nos sons roucos das antigas rádio - vitrolas ou nos rádios dos carros, ou mesmo de um iphone?

Para homenagear todos estes profissionais, destacamos quatro: Fiori Gigliotti, José Silvério, Oscar Ulisses e Osmar Santos. 

Fiori Gigliotti nasceu em 27/9/1928, em Barra Bonita-SP, falecendo em 8/6/2006.


Teve uma longa carreira no rádio, desde 1947, destacando-se passagens por Rádio Record (9 anos), Bandeirantes (38 anos), Jovem Pan (5 anos), Tupi e Rádio Capital, onde encerrou a carreira em 2006. 

Acompanhou dez copas do mundo

Criou e deixou nas memórias dos torcedores frases como “abrem-se cortinas e começa o espetáculo"; "Aguenta coração!", "Crepúsculo de jogo”; “É fogo" (antes do grito de gol) "Agora não adianta chorar" e "Fecham-se as cortinas e termina o jogo".

Fiori foi uma pessoa simples e amável; adorado pelos colegas de profissão pela disponibilidade em ajudar e, dentre tantas, tinha outra grande virtude: era palmeirense.

Osmar Santos, o pai da matéria, nos brindou com narrações incríveis e inovadoras de 1963 a dezembro de1994, quando um acidente de carro o tirou do rádio, mantendo-o, até hoje, com sequelas que ele bravamente vem superando.

Criador de bordões como “e que goooool”, “ripa na chulipa e pimba na gorduchinha”, “as bandeiras estão tremulando...”, “animal”, "Parou por quê, por que parou?", "Um pra lá, dois pra cá, é fogo no boné do guarda", "Sai daí que o Jacaré te abraça, garotinho", "Rosemiro, o namoradinho da Rachel Welch", "No carocinho do abacate", "ai garotinho", "vai garotinho porque o placar não é seu", em situações de marcação de impedimento soltava "ele estava curtindo amor em terra estranha" e uma das narrações de gol mais marcante do rádio brasileiro, "Tiro-lirolá Tiro-lirolí" "E que GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL". Sua carreira decolou em 1972, com a ida à Rádio Jovem Pan, de lá saindo em 1977 para a Rádio Globo, lá ficando até a data do acidente, em 1994.

Foi importante personagem na campanha das Diretas já, em 1984.

Foi – justamente – homenageado pelo Palmeiras, com a denominação de “Sala Osmar Santos”, a tribuna de Imprensa do Allianz Parque.


Também destaco o seu irmão mais novo, Oscar Ulisses, nascido em 1957, que começou sua carreira em Londrina e trabalhou nas Rádios Bandeirantes e Globo (desde 1986). Não só pelas boas narrações, limpas e claras, mas pela demonstração de amor e carinho ao irmão acidentado, há mais de 20 anos. Oscar trabalhou em todas as copas do Mundo a partir de 1978, exceto a de 2002.

Um de seus diferenciais, ao narrar um gol é: “progoooool”


Por fim, José Silveiro de Andrade, “o Pai do Gol”, narrador ainda na ativa que desde a década de sessenta nos abrilhanta com boas narrações que são consideradas, do ponto de vista técnico, as melhores, pelos seus colegas, para isso ele procura, como mesmo afirma, “ser conciso na descrição dos lances, sem deixar a emoção de lado. Ao contrário. Você pode continuar sendo objetivo, claro e, ao mesmo tempo, saber modular a voz para dar emoção à medida que a jogada avança. Até explodir, na hora do gol”. Silveiro nasceu nas Minas Gerais, em 1945 e tem mais de 50 anos de carreira.

Durante os preparativos para a copa de 1986, diante da proibição de acompanhar os treinos, José Silvério alugou uma casa ao lado do campo e, do telhado, narrou os trabalhos (um jogo treino).

A primeiro grande oportunidade surgiu na Rádio Jovem Pan, em 1975 e de lá só saiu 25 anos depois, indo para a Bandeirantes, onde está desde o ano 2000.

Conhecido pelas expressões “...e que golaço”, ou “agora, euuuu vou soltar a minha voz”, suas narrações são claras e permite aos ouvintes ir imaginando como estão se passando os lances. 

Vamos agora relembrar a final de 1993 – Palmeiras Campeão Paulista, na narração destes monstros do rádio brasileiro e da final de 1994, com Fiori e Osmar.

Narrações de Fiori





Narração de José Silvério


Narrações Osmar Santos




Narração de Oscar Ulisses

Fontes: Wikpedia.org.br, http://epocanegocios.globo.com/Carreira/noticia/2017/08/jose-silverio-solta-voz-no-radio-e-que-golaco.html; http://terceirotempo.bol.uol.com.br/,  http://www.bastidoresdoradio.com

7 comentários:

  1. Quanta emoção! E para várias gerações! Lembro de estar junto com o meu pai, em casa, ouvindo jogos com o Fiori narrando. Os bordões citados fazem a gente voltar no tempo, buscar na memória. O José Silvério sempre estava no lance. A TV cultura com o José Carlos Cicareli, palmeirense, tinha outro modo de narrar, deixando o som ambiente e pouca fala, o que era uma novidade boa também. Tenho um amigo, Luiz Carlos Paiva, que até hoje vai na Arena carregando o rádio e o fone de ouvido. Ele diz que só assim o espetáculo fica completo. E quando estamos juntos vou perguntando o que estão comentando sobre lances duvidosos, ou jogadas e gols. Obrigado.

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  2. Magistral a ideia, mais uma deste adorado site. Eu sou do tempo das bitolas e da final de 1974, lembrado nas narrações. Bons tempos.

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  3. Os quatro locutores eram os meus favoritos. Uns mais tradicionais e outros inovadores. Mas o melhor, todos narraram grandes trunfos do nosso verdão. Domingo Silvério e Oscar vão nos brindar com narração de pelo menos dois gols. E aí, Fleury, poderia reproduzi Los aqui. Um Abraço verde a todos. Mário de Suzano.

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  4. Amigos, neste meio de feriado nada como momentos nostalgicos como destas narrações. Só uma errata do artigo, as narrações são de 1974. Se tiver - e vai ter gol do verdão- vou colocar aqui, após a esperada vitória.

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  5. Osmar é um exemplo de superação. Com tudo que lhe ocorreu nunca perdeu a esportiva e a esperança, sempre sorrindo. O meu aplauso ao Oscar, pela dedicação ao irmão. Dois grandes narradores e excelentes corações.

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